Este é um filme que aborda o tema.
http://www.youtube.com/watch?v=bjXona0uQCw
OS SEXOS E A INTERSEXUALIDADE
quarta-feira, 1 de maio de 2013
CAUSAS DA HOMOSSEXUALIDADE
Texto do Dr. Drauzio Varella, originalmente publicado em:
http://drauziovarella.com.br/sexualidade/causas-da-homossexualidade/
Existe gente que acha
que os homossexuais já nascem assim. Outros, ao contrário, dizem
que a conjunção do ambiente social com a figura dominadora do
genitor do sexo oposto é que são decisivos na expressão da
homossexualidade masculina ou feminina.
Como separar o
patrimônio genético herdado involuntariamente de nossos
antepassados da influência do meio foi uma discussão que
monopolizou o estudo do comportamento humano durante pelo menos dois
terços do século XX.
Os defensores da origem
genética da homossexualidade usam como argumento os trabalhos que
encontraram concentração mais alta de homossexuais em determinadas
famílias e os que mostraram maior prevalência de homossexualidade
em irmãos gêmeos univitelinos criados por famílias diferentes sem
nenhum contato pessoal.
Mais tarde, com os
avanços dos métodos de neuroimagem, alguns autores procuraram
diferenças na morfologia do cérebro que explicassem o comportamento
homossexual.
Os que defendem a
influência do meio têm ojeriza aos arg umentos genéticos. Para
eles, o comportamento humano é de tal complexidade que fica ridículo
limitá-lo à bioquímica da expressão de meia dúzia de genes. Como
negar que a figura excessivamente protetora da mãe, aliada à do pai
pusilânime, seja comum a muitos homens homossexuais? Ou que uma
ligação forte com o pai tenha influência na definição da
sexualidade da filha?
Sinceramente, acho essa
discussão antiquada. Tão inútil insistirmos nela como discutir se
a música que escutamos ao longe vem do piano ou do pianista.
A propriedade mais
importante do sistema nervoso central é sua plasticidade. De nossos
pais herdamos o formato da rede de neurônios que trouxemos ao mundo.
No decorrer da vida, entretanto, os sucessivos impactos do ambiente
provocaram tamanha alteração plástica na arquitetura dessa rede
primitiva que ela se tornou absolutamente irreconhecível e original.
Cada indivíduo é um
experimento único da natureza porque resulta da interação entre
uma arquitetura de circuitos neuronais geneticamente herdada e a
experiência de vida. Ainda que existam irmãos geneticamente iguais,
jamais poderemos evitar as diferenças dos estímulos que moldarão a
estrutura microscópica de seus sistemas nervosos. Da mesma forma,
mesmo que o oposto fosse possível – garantirmos estímulos
ambientais idênticos para dois recém-nascidos diferentes – nunca
obteríamos duas pessoas iguais por causa das diferenças na
constituição de sua circuitaria de neurônios. Por isso, é
impossível existirem dois habitantes na Terra com a mesma forma de
agir e de pensar.
Se taparmos o olho
esquerdo de um recém-nascido por 30 dias, a visão daquele olho
jamais se desenvolverá em sua plenitude. Estimulado pela luz, o olho
direito enxergará normalmente, mas o esquerdo não. Ao nascer, os
neurônios das duas retinas eram idênticos, porém os que
permaneceram no escuro perderam a oportunidade de ser ativados no
momento crucial. Tem sentido, nesse caso, perguntar o que é mais
importante para a visão: os neurônios ou a incidência da luz na
retina?
Em matéria de
comportamento, o resultado do impacto da experiência pessoal sobre
os eventos genéticos, embora seja mais complexo e imprevisível, é
regido por interações semelhantes. No caso da sexualidade, para
voltar ao tema, uma mulher com desejo sexual por outras pode muito
bem se casar e até ser fiel a um homem, mas jamais deixará de se
interessar por mulheres. Quantos homens casados vivem experiências
homossexuais fora do casamento? Teoricamente, cada um de nós tem
discernimento para escolher o comportamento pessoal mais adequado
socialmente, mas não há quem consiga esconder de si próprio suas
preferências sexuais.
Até onde a memória
alcança, sempre existiram maiorias de mulheres e homens
heterossexuais e uma minoria de homossexuais. O espectro da
sexualidade humana é amplo e de alta complexidade, no entanto; vai
dos heterossexuais empedernidos aos que não têm o mínimo interesse
pelo sexo oposto. Entre os dois extremos, em gradações variadas
entre a hetero e a homossexualidade, oscilam os menos ortodoxos.
Como o presente não
nos faz crer que essa ordem natural vá se modificar, por que é tão
difícil aceitarmos a riqueza da biodiversidade sexual de nossa
espécie? Por que insistirmos no preconceito contra um fato biológico
inerente à condição humana?
Em contraposição ao
comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é
questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse, ela
simplesmente se impõe a cada um de nós. Simplesmente, é!
Comentário do autor do
blog: O Dr. Drauzio Varella mais uma vez nos presenteia com sua visão
clara dos fatos e sua enorme capacidade de trocar em miúdos um tema
complexo e controverso. Parabéns, Drauzio!
O cérebro, o verdadeiro órgão sexual dos seres humanos
Este
texto é a transcrição do publicado em
http://www.ufcg.edu.br/prt_ufcg/assessoria_imprensa/mostra_noticia.php?codigo=4979
.
Texto
produzido por pesquisadores da Universidade Federal de Campina
Grande.
Somente
subtítulos foram acrescidos.
Quando
se trata do desejo, a evolução deixa pouco espaço para o acaso. O
comportamento sexual humano não é um desempenho improvisado,
concluem os biólogos, mas guiado a todo momento por programas
genéticos
O
centro cerebral do desejo
O desejo entre os sexos não é uma questão de opção. Os homens heterossexuais, ao que parece, possuem circuitos neurais que os levam a procurar as mulheres; os homens gays os têm programados para procurarem outros homens.
Os cérebros das mulheres podem ser organizados para selecionar homens que apresentem maior probabilidade de serem provedores a elas e seus filhos. O acordo é selado com outros programas neurais que induzem uma onda de amor romântico, seguido por uma ligação de longo prazo.
O desejo entre os sexos não é uma questão de opção. Os homens heterossexuais, ao que parece, possuem circuitos neurais que os levam a procurar as mulheres; os homens gays os têm programados para procurarem outros homens.
Os cérebros das mulheres podem ser organizados para selecionar homens que apresentem maior probabilidade de serem provedores a elas e seus filhos. O acordo é selado com outros programas neurais que induzem uma onda de amor romântico, seguido por uma ligação de longo prazo.
A
influência genética e dos hormônios
Tanto barulho, uma dança tão complexa, tudo para obter sucesso na única coisa simples com que a evolução se importa, que é a condução do maior número de crianças à idade adulta. O desejo pode parecer o centro do comportamento sexual humano, mas é apenas o ato central de um longo drama cujo roteiro está escrito basicamente nos genes.
No útero, o corpo do feto em desenvolvimento é naturalmente feminino e se torna masculino se o gene que determina o gênero masculino, conhecido como SRY, estiver presente.
Este gene dominante, a única e mais orgulhosa posse do cromossomo Y, muda o tecido reprodutivo de seu destino de ovário e o transforma em testículo. Os hormônios dos testículos, principalmente a testosterona, então esculpem o corpo na forma masculina.
Na cena seguinte, a puberdade, os sistemas reprodutivos são preparados para a ação pelo cérebro. Apesar de ser uma fantástica máquina elétrica, o cérebro também pode se comportar como uma humilde glândula.
Tanto barulho, uma dança tão complexa, tudo para obter sucesso na única coisa simples com que a evolução se importa, que é a condução do maior número de crianças à idade adulta. O desejo pode parecer o centro do comportamento sexual humano, mas é apenas o ato central de um longo drama cujo roteiro está escrito basicamente nos genes.
No útero, o corpo do feto em desenvolvimento é naturalmente feminino e se torna masculino se o gene que determina o gênero masculino, conhecido como SRY, estiver presente.
Este gene dominante, a única e mais orgulhosa posse do cromossomo Y, muda o tecido reprodutivo de seu destino de ovário e o transforma em testículo. Os hormônios dos testículos, principalmente a testosterona, então esculpem o corpo na forma masculina.
Na cena seguinte, a puberdade, os sistemas reprodutivos são preparados para a ação pelo cérebro. Apesar de ser uma fantástica máquina elétrica, o cérebro também pode se comportar como uma humilde glândula.
O
hipotálamo
No hipotálamo, uma região na base central do cérebro, se encontra um aglomerado de cerca de 2 mil neurônios que dão início à puberdade quando começam a secretar pulsos do hormônio liberador de gonadotropina, que dispara um efeito cascata de outros hormônios.
O gatilho que dispara estes hormônios ainda é desconhecido, mas provavelmente o cérebro monitora os sinais internos para saber quando o corpo está pronto para e reprodução e os indícios externos sobre se as circunstâncias são propícias para produção do desejo.
Vários avanços na última década destacaram o fato bizarro de que o cérebro é um órgão sexual pleno, com os dois sexos tendo versões profundamente diferentes dele. Isto é obra da testosterona, que masculiniza o cérebro amplamente como faz com o restante do corpo.
É um conceito errôneo pensar nas diferenças entre os cérebros de homens e mulheres como sendo pequenas, erráticas ou encontradas apenas em poucos casos extremos, escreveu Larry Cahill, da Universidade da Califórnia, em Irvine, no ano passado na "Nature Reviews Neuroscience".
No hipotálamo, uma região na base central do cérebro, se encontra um aglomerado de cerca de 2 mil neurônios que dão início à puberdade quando começam a secretar pulsos do hormônio liberador de gonadotropina, que dispara um efeito cascata de outros hormônios.
O gatilho que dispara estes hormônios ainda é desconhecido, mas provavelmente o cérebro monitora os sinais internos para saber quando o corpo está pronto para e reprodução e os indícios externos sobre se as circunstâncias são propícias para produção do desejo.
Vários avanços na última década destacaram o fato bizarro de que o cérebro é um órgão sexual pleno, com os dois sexos tendo versões profundamente diferentes dele. Isto é obra da testosterona, que masculiniza o cérebro amplamente como faz com o restante do corpo.
É um conceito errôneo pensar nas diferenças entre os cérebros de homens e mulheres como sendo pequenas, erráticas ou encontradas apenas em poucos casos extremos, escreveu Larry Cahill, da Universidade da Califórnia, em Irvine, no ano passado na "Nature Reviews Neuroscience".
A
participação de outras áreas do cérebro
Amplas regiões do córtex, a camada externa do cérebro que realiza grande parte de seu processamento de alto nível, são mais espessas nas mulheres. O hipocampo, onde as memórias iniciais são formadas, ocupa uma fração maior do cérebro feminino.
Técnicas de obtenção de imagens do cérebro começaram a mostrar que homens e mulheres usam seus cérebros de formas diferentes mesmo quando realizam as mesmas coisas. No caso da amígdala, um par de órgãos que ajuda a priorizar as memórias de acordo com sua força emocional, as mulheres usam a amígdala esquerda para este fim enquanto os homens tendem a usar a direita.
Amplas regiões do córtex, a camada externa do cérebro que realiza grande parte de seu processamento de alto nível, são mais espessas nas mulheres. O hipocampo, onde as memórias iniciais são formadas, ocupa uma fração maior do cérebro feminino.
Técnicas de obtenção de imagens do cérebro começaram a mostrar que homens e mulheres usam seus cérebros de formas diferentes mesmo quando realizam as mesmas coisas. No caso da amígdala, um par de órgãos que ajuda a priorizar as memórias de acordo com sua força emocional, as mulheres usam a amígdala esquerda para este fim enquanto os homens tendem a usar a direita.
Cérebro
masculino e cérebro feminino
Não causa surpresa o fato das versões masculinas e femininas do cérebro humano operarem em padrões distintos, apesar da alta influência da cultura. O cérebro masculino é sexualmente orientado para ver as mulheres como objetos de desejo.
A evidência mais direta vem de um punhado de casos, alguns deles acidentes de circuncisão, nos quais os bebês perderam seus pênis e foram criados como mulheres. Apesar de toda indução social para o oposto, eles crescem desejando as mulheres como parceiras, não homens.
"Se você não pode fazer um homem ficar atraído por outros homens cortando fora seus pênis, quão forte pode ser qualquer efeito psicossocial?" disse J. Michael Bailey, um especialista em orientação sexual da Universidade do Noroeste.
Presumivelmente, a masculinização do cérebro molda alguns circuitos neurais que tornam as mulheres desejáveis. Se for o caso, este circuito está moldado de forma diferente nos homens gays. Em experiências nas quais são exibidas aos indivíduos fotos de homens e mulheres desejáveis, os homens heterossexuais são estimulados por mulheres, os gays por homens.
Tais experiências não mostram a mesma divisão clara entre as mulheres. Independente das mulheres se descreverem como heterossexuais ou lésbicas, "o estimulo sexual delas parece ser relativamente indiscriminado - elas são estimuladas tanto por imagens de homens quanto mulheres", disse Bailey.
"Eu nem mesmo tenho certeza de que as mulheres têm uma orientação sexual. Mas elas têm preferências sexuais. As mulheres são bastante seletivas e a maioria escolhe ter relação sexual com homens."
Bailey acredita que os sistemas para orientação sexual e estímulo fazem os homens procurarem por pessoas com as quais fazer sexo, enquanto as mulheres estão mais concentradas em aceitar ou rejeitar aqueles que desejam fazer sexo com elas.
Diferenças semelhantes entre os sexos são vistas por Marc Breedlove, um neurocientista da Universidade Estadual de Michigan. "A maioria dos homens é bastante teimosa em suas ideias sobre que sexo desejam, enquanto as mulheres parecem mais flexíveis", ele disse.
A orientação sexual, pelo menos para os homens, parece ser estabelecida antes do nascimento.
"Eu acho que a maioria dos cientistas que trabalham nesta questão está convencida de que os antecedentes da orientação sexual nos homens ocorrem no início da vida, provavelmente antes do nascimento", disse Breedlove, "enquanto para as mulheres, algumas provavelmente nascem para se tornarem homossexuais, mas claramente chegam a tal escolha mais tarde na vida".
O comportamento sexual inclui muito mais do que sexo. Helen Fisher, uma antropóloga da Universidade Rutgers, argumenta que os três sistemas primários do sexo evoluíram para orientar o comportamento reprodutivo.
Um é o impulso sexual que motiva as pessoas a buscarem parceiros. Um segundo é um programa para atração romântica que faz as pessoas se fixarem em parceiros específicos. O terceiro é um mecanismo para ligação em longo prazo que induz as pessoas a permanecerem juntas tempo suficiente para completarem seus deveres paternos.
O amor romântico, que em seu intenso estágio inicial "pode durar de 12 a 18 meses", é um fenômeno humano universal, escreveu Fisher no ano passado em "The Proceedings of the Royal Society", e provavelmente é uma função integrada no cérebro. Estudos de imagens do cérebro mostram que uma área em particular do cérebro, uma associada ao sistema de recompensa, é ativada quando os pacientes contemplam uma foto da pessoa amada.
A melhor evidência para um processo de ligação em longo prazo em mamíferos vem de estudos de ratos-calunga, um pequeno roedor semelhante a um camundongo. Um hormônio chamado vasopressina, que é produzido no cérebro (hipotálamo), leva alguns ratos-calunga a se manterem fiéis por toda a vida.
As pessoas possuem o mesmo hormônio, o que sugere que um mecanismo semelhante pode funcionar nos seres humanos, apesar disto ainda não ter sido provado.
Os pesquisadores dedicaram um esforço considerável na compreensão da homossexualidade em homens e mulheres, tanto por seu interesse intrínseco quanto pela luz que pode fornecer aos canais mais comuns do desejo.
Os estudos de gêmeos mostram que a homossexualidade, especialmente entre homens, é herdável, o que significa que há um componente genético nela. Mas como homens gays têm cerca de um quinto do número de filhos que homens heterossexuais têm, qualquer gene que favorece a homossexualidade deveria desaparecer rapidamente da população.
Tais genes poderiam ser retidos se os homens gays fossem protetores incomumente eficazes de seus sobrinhos e sobrinhas, o que ajudaria genes como os deles a serem transmitidos para gerações futuras. Mas os homens gays não são melhores tios do que os homens heterossexuais, segundo um estudo de Bailey.
Assim, isto deixa a possibilidade de que ser gay é um subproduto de um gene que persiste porque amplia a fertilidade em outros membros da família. Alguns estudos revelaram que os homens gays têm mais parentes do que os homens heterossexuais, particularmente pelo lado materno.
Mas Bailey acredita que o efeito, se real, seria mais claro. "A homossexualidade masculina é mal adaptada evolutivamente", ele disse, notando que a frase significa apenas que os genes que favorecem a homossexualidade não podem ser favorecidos pela evolução se menos de tais genes chegarem à próxima geração.
Uma pista um pouco mais direta sobre a origem da homossexualidade é o efeito ordem de nascimento fraternal. Dois pesquisadores canadenses, Ray Blanchard e Anthony F. Bogaert, mostraram que ter irmãos mais velhos aumenta substancialmente as chances de que um homem será gay. Irmãs mais velhas não contam, nem importa se os irmãos estão na casa quando o menino é criado.
O fato sugere que a homossexualidade masculina nestes casos é causada por algum evento no útero, como uma "resposta imunológica maternal a gravidezes masculinas sucessivas", escreveu Bogaert no ano passado na "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Anticorpos antimasculinos poderiam talvez interferir com a masculinização do cérebro que ocorre antes do nascimento, apesar de tais anticorpos ainda não terem sido detectados.
O efeito ordem de nascimento fraternal é bastante substancial. Cerca de 15% dos homens gays podem atribuir sua homossexualidade a ele, com base na suposição de que entre 1% e 4% dos homens são gays, e cada irmão mais velho adicional aumenta as chances de atração pelo mesmo sexo em 33%.
O efeito apoia a ideia de que os níveis de circulação de testosterona antes do nascimento são críticos na determinação da orientação sexual. Mas a testosterona no feto não pode ser medida, e na idade adulta, homens gays e homossexuais apresentam os mesmos níveis do hormônio, o que não dá pista de exposição pré-natal. Assim a hipótese, apesar de plausível, ainda não foi provada.
Um recente avanço significativo na compreensão da base da sexualidade e desejo foi a descoberta de que os genes podem ter um efeito direto na diferenciação sexual do cérebro.
Os pesquisadores há muito presumiam que hormônios esteroides como a testosterona e o estrógeno realizam todo o trabalho pesado da moldagem dos cérebros masculino e feminino. Mas Arthur Arnold, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles(Ucla), descobriu que os neurônios masculinos e femininos se comportam de forma um tanto diferente quando mantidos in vitro, no laboratório.
E no ano passado, Eric Vilain, também da Ucla, fez a descoberta surpreendente de que o gene SRY é ativo em certas células do cérebro, pelo menos em camundongos. Seu papel no cérebro é bem diferente de suas atividades relacionadas à testosterona e os neurônios das mulheres presumidamente realizam tal papel de outras formas.
Acontece que um número incomumente alto de genes ligados ao cérebro estão situados no cromossomo X. O repentino despontar de cromossomos X e Y na função cerebral chamou a atenção de biólogos evolutivos. Como os homens possuem apenas um cromossomo X, a seleção natural pode promover aceleradamente qualquer mutação vantajosa que ocorra em um dos genes X.
Assim, se aquelas mulheres seletivas estiverem à procura de inteligência em um parceiro masculino potencial, isto poderia explicar por que tantos genes relacionados ao cérebro acabam no X.
"É popular entre os acadêmicos do sexo masculino dizer que as mulheres preferem os sujeitos mais inteligentes", disse Arnold. "Tais genes serão rapidamente selecionados nos homens porque novas mutações benéficas se tornarão rapidamente aparentes."
Várias consequências profundas derivam do fato dos homens disporem de apenas uma cópia de muitos genes cerebrais ligados a X e as mulheres duas. Uma é que muitas doenças neurológicas são mais comuns em homens porque é menor a probabilidade de que as mulheres sofram mutações em ambas as cópias de um gene.
Outra é que os homens, com um grupo, "terão mais fenótipos variáveis de cérebro", escreveu Arnold, porque a segunda cópia de cada gene das mulheres refreia os efeitos das mutações que surgem no outro.
A maior variação nos homens significa que apesar do QI médio ser idêntico entre homens e mulheres, há uma média mais baixa entre os homens e uma maior em ambos os extremos.
O cuidado das mulheres em selecionar homens, combinado com a rápida seleção possibilitada pela falta de cópia reserva entre os homens dos genes ligados a X, pode ter levado à divergência entre os cérebros masculino e feminino. Os mesmos fatores podem explicar, acreditam alguns pesquisadores, por que o cérebro humano triplicou em volume nos últimos 2,5 milhões de anos.
Não causa surpresa o fato das versões masculinas e femininas do cérebro humano operarem em padrões distintos, apesar da alta influência da cultura. O cérebro masculino é sexualmente orientado para ver as mulheres como objetos de desejo.
A evidência mais direta vem de um punhado de casos, alguns deles acidentes de circuncisão, nos quais os bebês perderam seus pênis e foram criados como mulheres. Apesar de toda indução social para o oposto, eles crescem desejando as mulheres como parceiras, não homens.
"Se você não pode fazer um homem ficar atraído por outros homens cortando fora seus pênis, quão forte pode ser qualquer efeito psicossocial?" disse J. Michael Bailey, um especialista em orientação sexual da Universidade do Noroeste.
Presumivelmente, a masculinização do cérebro molda alguns circuitos neurais que tornam as mulheres desejáveis. Se for o caso, este circuito está moldado de forma diferente nos homens gays. Em experiências nas quais são exibidas aos indivíduos fotos de homens e mulheres desejáveis, os homens heterossexuais são estimulados por mulheres, os gays por homens.
Tais experiências não mostram a mesma divisão clara entre as mulheres. Independente das mulheres se descreverem como heterossexuais ou lésbicas, "o estimulo sexual delas parece ser relativamente indiscriminado - elas são estimuladas tanto por imagens de homens quanto mulheres", disse Bailey.
"Eu nem mesmo tenho certeza de que as mulheres têm uma orientação sexual. Mas elas têm preferências sexuais. As mulheres são bastante seletivas e a maioria escolhe ter relação sexual com homens."
Bailey acredita que os sistemas para orientação sexual e estímulo fazem os homens procurarem por pessoas com as quais fazer sexo, enquanto as mulheres estão mais concentradas em aceitar ou rejeitar aqueles que desejam fazer sexo com elas.
Diferenças semelhantes entre os sexos são vistas por Marc Breedlove, um neurocientista da Universidade Estadual de Michigan. "A maioria dos homens é bastante teimosa em suas ideias sobre que sexo desejam, enquanto as mulheres parecem mais flexíveis", ele disse.
A orientação sexual, pelo menos para os homens, parece ser estabelecida antes do nascimento.
"Eu acho que a maioria dos cientistas que trabalham nesta questão está convencida de que os antecedentes da orientação sexual nos homens ocorrem no início da vida, provavelmente antes do nascimento", disse Breedlove, "enquanto para as mulheres, algumas provavelmente nascem para se tornarem homossexuais, mas claramente chegam a tal escolha mais tarde na vida".
O comportamento sexual inclui muito mais do que sexo. Helen Fisher, uma antropóloga da Universidade Rutgers, argumenta que os três sistemas primários do sexo evoluíram para orientar o comportamento reprodutivo.
Um é o impulso sexual que motiva as pessoas a buscarem parceiros. Um segundo é um programa para atração romântica que faz as pessoas se fixarem em parceiros específicos. O terceiro é um mecanismo para ligação em longo prazo que induz as pessoas a permanecerem juntas tempo suficiente para completarem seus deveres paternos.
O amor romântico, que em seu intenso estágio inicial "pode durar de 12 a 18 meses", é um fenômeno humano universal, escreveu Fisher no ano passado em "The Proceedings of the Royal Society", e provavelmente é uma função integrada no cérebro. Estudos de imagens do cérebro mostram que uma área em particular do cérebro, uma associada ao sistema de recompensa, é ativada quando os pacientes contemplam uma foto da pessoa amada.
A melhor evidência para um processo de ligação em longo prazo em mamíferos vem de estudos de ratos-calunga, um pequeno roedor semelhante a um camundongo. Um hormônio chamado vasopressina, que é produzido no cérebro (hipotálamo), leva alguns ratos-calunga a se manterem fiéis por toda a vida.
As pessoas possuem o mesmo hormônio, o que sugere que um mecanismo semelhante pode funcionar nos seres humanos, apesar disto ainda não ter sido provado.
Os pesquisadores dedicaram um esforço considerável na compreensão da homossexualidade em homens e mulheres, tanto por seu interesse intrínseco quanto pela luz que pode fornecer aos canais mais comuns do desejo.
Os estudos de gêmeos mostram que a homossexualidade, especialmente entre homens, é herdável, o que significa que há um componente genético nela. Mas como homens gays têm cerca de um quinto do número de filhos que homens heterossexuais têm, qualquer gene que favorece a homossexualidade deveria desaparecer rapidamente da população.
Tais genes poderiam ser retidos se os homens gays fossem protetores incomumente eficazes de seus sobrinhos e sobrinhas, o que ajudaria genes como os deles a serem transmitidos para gerações futuras. Mas os homens gays não são melhores tios do que os homens heterossexuais, segundo um estudo de Bailey.
Assim, isto deixa a possibilidade de que ser gay é um subproduto de um gene que persiste porque amplia a fertilidade em outros membros da família. Alguns estudos revelaram que os homens gays têm mais parentes do que os homens heterossexuais, particularmente pelo lado materno.
Mas Bailey acredita que o efeito, se real, seria mais claro. "A homossexualidade masculina é mal adaptada evolutivamente", ele disse, notando que a frase significa apenas que os genes que favorecem a homossexualidade não podem ser favorecidos pela evolução se menos de tais genes chegarem à próxima geração.
Uma pista um pouco mais direta sobre a origem da homossexualidade é o efeito ordem de nascimento fraternal. Dois pesquisadores canadenses, Ray Blanchard e Anthony F. Bogaert, mostraram que ter irmãos mais velhos aumenta substancialmente as chances de que um homem será gay. Irmãs mais velhas não contam, nem importa se os irmãos estão na casa quando o menino é criado.
O fato sugere que a homossexualidade masculina nestes casos é causada por algum evento no útero, como uma "resposta imunológica maternal a gravidezes masculinas sucessivas", escreveu Bogaert no ano passado na "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Anticorpos antimasculinos poderiam talvez interferir com a masculinização do cérebro que ocorre antes do nascimento, apesar de tais anticorpos ainda não terem sido detectados.
O efeito ordem de nascimento fraternal é bastante substancial. Cerca de 15% dos homens gays podem atribuir sua homossexualidade a ele, com base na suposição de que entre 1% e 4% dos homens são gays, e cada irmão mais velho adicional aumenta as chances de atração pelo mesmo sexo em 33%.
O efeito apoia a ideia de que os níveis de circulação de testosterona antes do nascimento são críticos na determinação da orientação sexual. Mas a testosterona no feto não pode ser medida, e na idade adulta, homens gays e homossexuais apresentam os mesmos níveis do hormônio, o que não dá pista de exposição pré-natal. Assim a hipótese, apesar de plausível, ainda não foi provada.
Um recente avanço significativo na compreensão da base da sexualidade e desejo foi a descoberta de que os genes podem ter um efeito direto na diferenciação sexual do cérebro.
Os pesquisadores há muito presumiam que hormônios esteroides como a testosterona e o estrógeno realizam todo o trabalho pesado da moldagem dos cérebros masculino e feminino. Mas Arthur Arnold, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles(Ucla), descobriu que os neurônios masculinos e femininos se comportam de forma um tanto diferente quando mantidos in vitro, no laboratório.
E no ano passado, Eric Vilain, também da Ucla, fez a descoberta surpreendente de que o gene SRY é ativo em certas células do cérebro, pelo menos em camundongos. Seu papel no cérebro é bem diferente de suas atividades relacionadas à testosterona e os neurônios das mulheres presumidamente realizam tal papel de outras formas.
Acontece que um número incomumente alto de genes ligados ao cérebro estão situados no cromossomo X. O repentino despontar de cromossomos X e Y na função cerebral chamou a atenção de biólogos evolutivos. Como os homens possuem apenas um cromossomo X, a seleção natural pode promover aceleradamente qualquer mutação vantajosa que ocorra em um dos genes X.
Assim, se aquelas mulheres seletivas estiverem à procura de inteligência em um parceiro masculino potencial, isto poderia explicar por que tantos genes relacionados ao cérebro acabam no X.
"É popular entre os acadêmicos do sexo masculino dizer que as mulheres preferem os sujeitos mais inteligentes", disse Arnold. "Tais genes serão rapidamente selecionados nos homens porque novas mutações benéficas se tornarão rapidamente aparentes."
Várias consequências profundas derivam do fato dos homens disporem de apenas uma cópia de muitos genes cerebrais ligados a X e as mulheres duas. Uma é que muitas doenças neurológicas são mais comuns em homens porque é menor a probabilidade de que as mulheres sofram mutações em ambas as cópias de um gene.
Outra é que os homens, com um grupo, "terão mais fenótipos variáveis de cérebro", escreveu Arnold, porque a segunda cópia de cada gene das mulheres refreia os efeitos das mutações que surgem no outro.
A maior variação nos homens significa que apesar do QI médio ser idêntico entre homens e mulheres, há uma média mais baixa entre os homens e uma maior em ambos os extremos.
O cuidado das mulheres em selecionar homens, combinado com a rápida seleção possibilitada pela falta de cópia reserva entre os homens dos genes ligados a X, pode ter levado à divergência entre os cérebros masculino e feminino. Os mesmos fatores podem explicar, acreditam alguns pesquisadores, por que o cérebro humano triplicou em volume nos últimos 2,5 milhões de anos.
O sexo nas aberrações cromossômicas
Na
postagem anterior mostramos O
papel dos cromossomos e dos hormônios na construção da sexualidade
. Caso
os gametas
(óvulos ou espermatozoides)
apresentem uma alteração no número de cromossomos sexuais ocorrerá
a manifestação das Síndromes
dos Cromossomos Sexuais.
Síndrome de Klinefelter (47, XXY)
A
Síndrome caracteriza-se pela presença do cariótipo 47, XXY ou em
mosaicos.
Os
pacientes são altos e magros, com membros inferiores relativamente
longos. Após a puberdade os sinais de hipogonadismo se tornam
óbvios. Os testículos permanecem pequenos e os caracteres sexuais
secundários continuam subdesenvolvidos.
Síndrome 47, XYY
Irmãos gêmeos. O de camisa branca tem cariótipo normal e o outro é XYY.
É
um dos cariótipos mais frequentemente observados. Despertou grande
interesse após observar-se que a proporção era bem maior entre os
detentos de uma prisão de segurança máxima, sobretudo entre os
mais altos, do que na população em geral.
Apesar
da constituição cromossômica 47,XYY não estar associada a nenhum
fenótipo obviamente anormal, ela despertou grande interesse médico
e científico após observar-se que a proporção de homens XYY era
bem maior entre os detentos de uma prisão de segurança máxima,
sobretudo entre os mais altos, do que na população em geral (JACOBS
et al., 1968). Cerca de 3% dos homens em penitenciárias e hospitais
de doentes mentais possuem cariótipo 47,XYY; no grupo com altura
acima de 1,80 m, a incidência é bem maior (mais de 20%). Dentre os
meninos nativivos, a frequência do cariótipo 47,XYY é de cerca de
1 em 1.000.
A
origem do erro que leva ao cariótipo XYY deve ser a não-disjunção
paterna na meiose II, produzindo espermatozoides YY. As variantes
XXYY e XXXYY menos comuns, que compartilham as manifestações das
síndromes XYY e de Klinefelter, provavelmente também se originam do
pai, numa sequência de eventos não-disjuncionais nas meiose I e II.
Os
meninos XYY identificados em programas de triagem neonatal sem vício
de averiguação são altos e têm um risco aumentado de problemas do
comportamento, em comparação com meninos cromossomicamente normais.
Possuem inteligência normal e não são dismórficos. A fertilidade
é regular e parece não haver nenhum risco aumentado de que um homem
47,XYY tenha um filho com cromossomos anormais.
Muitos
pais de crianças identificadas, antes ou após o nascimento, com
XYY, tornam-se extremamente preocupados com as implicações
comportamentais. Alguns médicos acreditam que a informação deve
ser omitida quando a identificação e feita após o nascimento. A
incapacidade de avaliar o prognóstico em cada caso torna a
identificação de um feto XYY um dos problemas de informação mais
sérios enfrentados em programas de diagnóstico pré-natal.
Características
dos Portadores
Apresentam
altura media de 1,8m; QI (Coeficiente de Inteligência) de 80-118;
grande número de acne facial durante a adolescência; anomalias nas
genitálias; distúrbios motores e na fala; taxa de testoterona
aumentada, o que pode ser um fator contribuinte para a inclinação
anti-social e aumento de agressividade; imaturidade no
desenvolvimento emocional e menor inteligência verbal, fatos que
podem dificultar seu relacionamento interpessoal; ocorrência de
0,69:1000.
Trissomia do X (47, XXX)
As
mulheres com trissomia do X não são fenotipicamente anormais. Nas
células 47, XXX, dois dos cromossomos X são inativados e de
replicação tardia. Quase todos os casos resultam de erros na meiose
materna.
Algumas
mulheres com trissomia do X são identificadas em clínicas de
infertilidade e outras em instituições
para retardados mentais, mas provavelmente muitas permanecem sem
diagnóstico.
Síndrome de Turner (45, X e variantes)
As
meninas com esta síndrome são identificadas ao nascimento ou antes
da puberdade por suas características fenotípicas distintivas.
A
constituição cromossômica mais frequente é 45,X sem um segundo
cromossomo sexual, X ou Y.
As
anormalidades envolvem baixa estatura, disgenesia gonadal, pescoço
alado, tórax largo com mamilos amplamente espaçados e uma
frequência elevada de anomalias renais e cardiovasculares.
terça-feira, 30 de abril de 2013
O papel dos cromossomos e dos hormônios na construção da sexualidade
Cromossomos
São formados
estruturas formadas por longas moléculas de DNA e que estão
presentes nos núcleos das células do corpo.
Genes
São pedaços da
molécula de DNA que orientam a produção de determinadas enzimas
que por sua vez vão determinar a manifestação das características
hereditárias.
Células
somáticas
São as células do
corpo em geral e nelas os cromossomos formam pares dentro do núcleo.
Nos humanos as células
somáticas apresentam 46 cromossomos em 23 pares e são chamadas
diplóides (2n=46). Um destes pares é o par de cromossomos sexuais.
Conjunto
de cromossomos no homem
2n=46, sendo 44A+XY.
Onde A refere-se aos cromossomos denominados autossomos e XY designa
o par de cromossomos sexuais masculinos.
Conjunto
de cromossomos nas mulheres
2n=46, sendo 44A+XX.
Onde A refere-se aos cromossomos denominados autossomos e XX designa
o par de cromossomos sexuais femininos.
Gametas
São as células
reprodutivas. O gameta masculino é o espermatozoide e o gameta
feminino é o óvulo. E estas células são haplóides (n), ou seja,
só têm um cromossomo de cada par.
Óvulo,
o gameta feminino
Células germinativas
(2n) dos ovários se dividem para produzir óvulos (n).
Os óvulos apresentam
23A+X.
Espermatozoide,
o gameta masculino
Células germinativas
(2n) dos testículos se dividem para produzir espermatozoides (n).
Os espermatozoides
apresentam 23A+X ou 23A+Y.
Menino ou menina?
O sexo é determinado
pelo par de cromossomos sexuais.
A fertilização de um
óvulo 23A+X por um espermatozoide 23A+X produz uma célula-ovo ou
zigoto 44A+XX, que determina a geração de uma criança do sexo
feminino e suas células somáticas (do corpo) terão no núcleo o
conjunto de cromossomos 44A+XX.
A fertilização de um
óvulo 23A+X por um espermatozoide 23A+Y produz uma célula-ovo ou
zigoto 44A+XY, que determina a geração de uma criança do sexo
masculino e suas células somáticas (do corpo) terão no núcleo o
conjunto de cromossomos 44A+XY.
Como
ocorre a diferenciação sexual no embrião?
Quando a célula-ovo
tem o par de cromossomos sexuais XX as estruturas sexuais
embrionárias vão se desenvolver como ovários e demais órgãos
femininos.
Quando a célula-ovo
tem o par de cromossomos sexuais XY as gônadas embrionárias vão se
desenvolver como testículos, que produzem testosterona que vai
determinar, junto com outros hormônios, a transformação das
estruturas básicas em órgãos masculinos.
Sem a ação da
testosterona os órgãos sexuais desenvolvem-se como femininos. Em
outras palavras: O sexo feminino é o sexo básico do embrião.
Do ponto de vista da biologia evolutiva é também o sexo mais
antigo. O sexo masculino pode se desenvolver se algo mais for
adicionado: a testosterona e outros hormônios que agem durante a
gestação. Em uma linguagem poética ou mitológica: Eva foi
criada primeiro e depois o seu Adão dela foi formado.
O
hipotálamo
Hipotálamo é a região
da base do cérebro que controla importantes funções do organismo,
dentre elas o controle da atividade de muitos órgãos e em
particular de certas glândulas endócrinas, dentre elas as glândulas
sexuais.
O
hipotálamo e o sexo
O hipotálamo
embrionário é inicialmente feminino e se o par de cromossomos
sexuais for XX ele continuará feminino após o nascimento. Por
hipotálamo feminino podemos entender um hipotálamo que vai
continuar apresentando atividade cíclica e influenciar no
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários das meninas. Esta
atividade cíclica vai orquestrar aos ciclos menstruais dentre outras
funções. A ação dos hormônios femininos vão determinar a
feminilização do cérebro.
Se o par de cromossomos
sexuais for XY o hipotálamo, os testículos já em desenvolvimento e
os hormônios da placenta vão, no embrião, promover o
desenvolvimento de órgãos sexuais masculinos e estes hormônios
masculinizantes vão alterar a atividade do hipotálamo que passa a
não mais apresentar atividade cíclica e a masculinização do
cérebro.
Assim o hipotálamo
cíclico é o hipotálamo feminino e o hipotálamo acíclico é o
hipotálamo masculino. Esta diferença de atividade hipotalâmica vai
modular não apenas as características físicas dos indivíduos mas
também o comportamento e a auto-identidade sexual.
Transexuais:
quando o sexo do corpo e da mente estão trocados
Indivíduos XY que, por
qualquer motivo, não apresentam a produção normal de testosterona
pelos testículos após o nascimento terão um corpo masculino mas o
hipotálamo não vai parar de apresentar atividade cíclica e o
comportamento e a auto-identidade serão femininos. Serão
transexuais com corpo de homem e psiquismo de mulher.
Indivíduos XX que, por
qualquer motivo, apresentem um excesso de produção de hormônios
masculinos após o nascimento terão um corpo feminino mas o
hipotálamo pára de apresentar atividade cíclica e o comportamento
e a auto-imagem serão masculinos. Serão transexuais com corpo de
mulher e psiquismo de homem.
Os
intersexos
Outros transtornos do
desenvolvimento embrionário por má-formação ou por excesso,
deficiência ou ausência de produção de hormônios podem
determinar os casos de intersexualidade já discutidos em outra
postagem deste blog.
Obs.: Este texto é um
resumo muito simplificado de um tema muito complexo.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
CLASSIFICAÇÃO DOS CARACTERES SEXUAIS
Antes de vermos uma
explicação mais detalhada, apresento aqui um resumo da
Classificação dos Caracteres Sexuais:
Para efeitos práticos,
podemos classificá-los em três grupos:
Caracteres sexuais primários
Referem-se ao que se
pode observar ao nascimento pela observação dos órgãos sexuais
externos e que permite determinar se o recém-nascido é menina ou
menino.
Caracteres
sexuais secundários
São aqueles que se
desenvolvem ao longo da puberdade e adolescência e que transformam
as meninas em mulheres e os meninos em homens.
Caracteres
sexuais terciários
São os aspectos
psicológicos e sociais que são incentivados ou desencorajados em
indivíduos de cada sexo. Estas características são determinada
culturalmente e constituem a masculinidade ou feminilidade da pessoa.
Os caracteres
primários e secundários são determinados por fatores biológicos. Os terciários também têm bases biológicas mas sofrem influência
de fatores culturais, sociais e familiares. Em outras palavras os
fatores terciários podem ser influenciados pelo meio em que vivemos.
Caracteres
Sexuais Primários
Durante as
primeiras semanas do desenvolvimento embrionário os órgãos sexuais
de meninos e meninas são iguais e têm como base a genitália
feminina. Ao longo da gravidez os indivíduos XY passam a apresentar
um desenvolvimento diferenciado e assim vão surgindo os órgãos
reprodutores masculinos. Como partem das mesmas estruturas básicas
os órgãos masculinos e femininos são homólogos: a glande do pênis
e a glande do clitóris; o corpo do pênis e o corpo do clitóris
(sendo a maior parte deste localizados internamente , embora tenham o
mesmo tamanho); o escroto e os grandes lábios; os ovários e os
testículos; as tubas uterinas e os canais deferentes.
Caracteres
sexuais secundários
Os
caracteres sexuais secundários começam a aparecer no início da
puberdade, como resultado da estimulação dos hormônios sexuais, e
evoluem ao longo dela. Estes caracteres se tornam aparentes primeiro
nas meninas e um pouco mais tarde nos meninos. Quando o período de
amadurecimento se completa os corpos dos homens e das mulheres
apresentam muitas diferenças marcantes.
As mudanças
da puberdade podem ocorrer bem lentamente e se estender por mais de
uma década ou podem surgir subitamente e se completar em um ou dois
anos. Em geral os adolescentes de hoje vivem estas mudanças bem mais
cedo do que seus avôs e bisavôs. De fato, nos últimos cem anos a
puberdade tem ocorrido cada vez mais cedo em todo o mundo. Mudanças
alimentares e das condições ambientais exercem um papel importante
no desenvolvimento. É importante notar que os padrões de
desenvolvimento variam em diferentes populações. Por exemplo, na
Ásia os homens mantêm um corpo pouco musculado e apresentam pouca
barba e pelos no corpo que um homem europeu.
No
sexo feminino
1. A linha
dos cabelos na testa é reta e a mulher tende a manter seus cabelos
por toda a vida.
2.
Normalmente as mulheres não apresentam desenvolvimento de pelos na
face. Algumas poderão apresentar na idade avançada. Os pelos do
corpo se restringem às axilas e a linha superior dos pelos pubianos
é reta.
3.
Aparência: massa muscular mais discreta escondida por uma camada de
gordura mais espessa, ombros estreitos e quadris largos, rosto
arredondado, mamas desenvolvidas, estatura menor que a dos homens e
mãos e pés menores.
4. Passam a
menstruar no início da adolescência quando as mamas começam a se
desenvolver.
5. A voz
continua aguda.
No
sexo masculino
1. A linha
frontal dos cabelos passam a apresentar as “entradas” e muitos
homens têm tendência à calvície.
2. Homens
apresentam pelos no rosto e às vezes no peito, que crescem ao longo
da vida adulta.
3.
Aparência: Estatura maior que a das mulheres; massa muscular mais
desenvolvida; ombros largos e quadris estreitos; laringe mais larga e
pomo de Adão e pés e mãos maiores.
4. No início
da adolescência os meninos começam a ejacular.
5. A voz
torna-se paulatinamente mais grave.
Caracteres
sexuais terciários
O
desenvolvimento do sexo físico começa nas primeiras semanas de
gestação e se completa na idade adulta quando se estabelece a
completa diferenciação. Da mesma maneira o gênero das pessoas é
construído ao longo de um certo período de tempo.
Imediatamente
após o nascimento todo bebê tem o sexo determinado pelas
características sexuais primárias e externas observáveis. A
criança então passará a receber por parte dos familiares, amigos e
vizinhos um tratamento de acordo ao sexo determinado. No entanto, se
esta determinação de sexo vai se aceita, isto é, se a criança ou
adolescente vai realmente aceitá-la, isto é outra questão.
Sabemos que
a auto-identidade sexual das crianças ocorre já nos primeiros anos
de vida. Ainda assim, a criança pode exteriormente desempenhar o
papel desejado sem convicção interior. Assim, uma criança pode
desempenhar o papel do sexo feminino, enquanto secretamente se
ressente disso. Em outras palavras, uma menina na aparência pode
secretamente se identificar como um menino (o inverso também é
possível).
Felizmente,
para a esmagadora maioria das crianças não existe tal problema.
Para eles, o papel de gênero e sua auto-identificação sexual são
apenas dois lados da mesma moeda. Em qualquer caso, ao longo dos
anos, feminilidade ou masculinidade biológica de cada indivíduo é
aumentada pelas dimensões psicossociais de feminilidade e
masculinidade. Mais uma vez, este desenvolvimento, que se inicia no
momento do nascimento, é bastante reforçado durante a puberdade.
Neste momento em particular, espera-se que os adolescentes cresçam
como "mulheres reais" ou "homens de verdade".
domingo, 28 de abril de 2013
Os sexos e a intersexualidade
Além
do homem e mulher, do masculino e feminino e do homossexual e
heterossexual
A
visão básica e preponderante da sexualidade
Heterossexuais
São homens e mulheres
que apresentam atração e desejo sexual pelo sexo oposto.
Os homens
heterossexuais estritos sentem atração e desejo sexual apenas por
mulheres.
As mulheres
heterossexuais estritas sentem atração e desejo sexual apenas por
homens.
Homossexuais
São homens e mulheres
que apresentam atração sexual por pessoas do mesmo sexo que eles.
Homens homossexuais
estritos sentem atração sexual e desejo sexual apenas por homens.
Mulheres homossexuais
estritas sentem atração sexual e desejo sexual apenas por mulheres.
Bissexuais
São homens e mulheres
que se encontram numa faixa intermediária entre os extremos da
homossexualidade e da heterossexualidade. Podem ter preferência por
parceiros do mesmo sexo ou do sexo diferente do seu, mas sentem
atração por ambos.
Entre o grupo dos
heterossexuais estritos e dos homossexuais estritos existem muitos
graus de homo e heterossexualidades relativas. Pessoas que transitam
entre os dois polos da sexualidade básica e preponderante.
A
questão da intersexualidade
A maioria das pessoas
separa os seres humanos em dois sexos – masculino e feminino – e
esta visão prevalece a maior parte do tempo. Quando uma criança
nasce a primeira pergunta que todos fazem é: “É menino ou
menina?” Uma rápida olhada nos seus órgãos sexuais permite que
se responda.
Acontece que nem sempre
é tão simples assim. Existem casos que a anatomia sexual não é
bem definida. É “intermediária”, o que torna difícil a
determinação do sexo.
Alguns intermédios
apresentam, sob uma inspeção mais detalhada, uma clara
preponderância de masculinidade ou feminilidade, o que facilita
encontrar uma solução apropriada através de tratamentos
cirúrgicos, hormonais e psicológicos que buscam a adequação mais
apropriada ao paciente dentro do padrão dual masculino/feminino.
Contudo, existem casos complexos, que exigem análises e estudos
profundos envolvendo escolhas éticas complicadas. Estas escolhas
confrontam não apenas os especialistas, como médicos e psicólogos,
mas também os pais e os diretamente interessados: crianças,
adolescentes e adultos intersexuais. Assim, recentemente muitos
adultos intersexuais começaram a se organizar e a manifestar a
frustração pelas escolhas feitas para eles, na sua infância, por
seus pais e médicos bem intencionados mas pouco conhecedores. Esta
crítica crescente à prática médica tradicional também engloba a
crítica a toda a nossa tradição sociocultural que insiste numa
clara divisão entre os sexos, considerando e aceitando apenas o
masculino e o feminino, e com pouca tolerância a todas as variações
existentes “no intermédio”.
O sexo apresenta
aspectos físicos e psicológicos.
Os
5 fatores do Sexo Físico
a) Cromossomos sexuais
b) Gônadas ou
glândulas sexuais
c) Hormônios sexuais
d) Estruturas internas
reprodutivas
e) Órgãos sexuais
externos
O
Sexo Cromossômico
Típico
As células do corpo
feminino têm um par de cromossomos sexuais XX.
As células do corpo
masculino têm um par de cromossomos sexuais XY
Atípico
Em casos raros ocorrem
exceções problemáticas. Por exemplo, podem ocorrer combinações
tais como X, XXY, XYY ou XXX. Indivíduos que nascem com estas
combinações cromossômicas excepcionais apresentam vários
problemas de desenvolvimento físico e geralmente são inférteis.
O
Sexo Gonadal
Típico
O corpo feminino tem
ovários, que são as glândulas sexuais femininas.
O corpo masculino tem
testículos, que são as glândulas sexuais masculinas.
Atípico
Em casos raros tecido
ovariano e testicular são encontrados no mesmo corpo.
O
Sexo Hormonal
Típico
As glândulas sexuais
produzem os hormônios sexuais masculinos e femininos que desempenham
papéis importantes no desenvolvimento do corpo do homem e da mulher
e também na modulação dos perfis psicológicos masculino e
feminino. Estas influências ocorrem antes do nascimento, na
infância, na puberdade, a adolescência e na idade adulta.
Atípico
O excesso, a
deficiência ou mesmo ausência de hormônios sexuais influenciam no
desenvolvimento e no funcionamento do corpo, que pode levar a uma
aparência física atípica, e também podem influenciar o perfil
psicológico.
As
Estruturas Internas Reprodutivas
Típico
O corpo feminino tem
vagina, útero, tubas uterinas e a grande porção interna do
clitóris.
O corpo masculino tem
canais deferentes, vesículas seminais e próstata.
Atípico
Em casos raros estes
órgãos apresentam-se atrofiados ou ausentes.
Órgãos
Sexuais Externos
Típico
O corpo feminino tem
capucho, glande e corpo do clitóris, pequenos lábios, grandes lábios
e abertura vaginal.
O corpo masculino tem
pênis e escroto com testículos, epidídimo e canais deferentes.
Atípico
Em casos raros estes
órgãos são atrofiados ou ausentes.
Sexo
de Educação
Típico
A criança com um corpo
feminino será usualmente criada como menina.
A criança com corpo
masculino será usualmente criado como menino.
Atípico
Existe a possibilidade
de a criança com corpo feminino ser criada como um menino e de a
criança com corpo masculino seja criada como menina. Na verdade
estas situações ocorrem muito raramente.
Sexo
de Auto-identificação
Típico
Uma criança, com um
corpo feminino e criada como menina, se considera mulher.
Uma criança, com corpo
masculino e criado como menino, se considera homem.
Atípico
Existem casos de
crianças com corpo de menina e criadas como meninas que consideram a
si mesmas como homens. Da mesma forma existem crianças com corpo de
menino e criados como meninos que consideram a si mesmos como
mulheres. Estas pessoas são denominadas transexuais.
Aspectos da sexualidade humana
Existem
três aspectos básicos da sexualidade humana:
a) O sexo
b) O gênero
c) A orientação
sexual
Sexo
O sexo é definido como
a feminilidade ou masculinidade da pessoa. É determinado, como já
vimos, por critérios físicos: cromossomos sexuais, sexo gonadal
(das glândulas sexuais, i.e., ovários e testículos), sexo
hormonal, estruturas reprodutivas internas e órgãos sexuais
externos.
As pessoas são do sexo
feminino ou masculino na medida em que eles se encontram os critérios
físicos para a feminilidade ou masculinidade.
A maioria dos
indivíduos são claramente homens ou mulheres por todos os cinco
critérios físicos. No entanto, não se enquadra nestes critérios e
seu sexo é, portanto, ambíguo. Nestes casos falamos em
intersexualidade.
Gênero
O gênero é definido
como a masculinidade ou a feminilidade da pessoa e é determinado por
certas características psicológicas que são incentivadas em um
sexo e desestimuladas em outro.
A maioria dos
indivíduos associam claramente o gênero adequado ao seu sexo
físico.
Existe, entretanto, uma
minoria que assume um gênero diferente do seu sexo físico. Estes
indivíduos poderão se travestir ou não e nem todo travesti se
identifica com um gênero diferente do seu sexo físico. Para um
grupo ainda menor esta inversão é completa e temos um caso de
transexualismo.
Orientação
Sexual
A orientação sexual
indica por quais gêneros a pessoa se sente atraída física,
romântica e/ou emocionalmente e pode ser assexual (nenhuma atração
sexual), heterossexual (atração por pessoas do gênero oposto),
homossexual (atração por pessoas do mesmo gênero), bissexual
(atração por pessoas dos gêneros masculino e feminino, homo ou
heterossexual) e pansexual (atração por pessoas de todos os gêneros
já descritos e também por transexuais).
Obs. 1: O travestismo
(travestis ou crossdressers) não está relacionado com a orientação
sexual. Assim, o travesti pode ser assexuado, homossexual,
heterossexual ou bissexual.
Obs. 2: Os travestis
podem ou não se submeter a tratamentos hormonais, cirúrgicos ou
estéticos para modificar o corpo. Os crossdressers na grande maioria
não modificas o corpo.
Obs. 3: Os
transformistas fazem parte do grupo dos crossdressers e aqui são
inclui os(as) drag-queens que apresentam um visual feminino exagerado
e extravagante, embora alguns sequer raspem o bigode ou a barba. DRAG
é o acrônimo de “DRessed as A Girl”. O
transformismo ocorre com frequência no teatro ocidental e também no
kabuki, o tradicional teatro japonês e não tem, necessariamente,
relação com a orientação sexual. No Japão homens homossexuais ou
heterossexuais se travestem de gueixa e trabalham como atendentes em
sunakos (casas noturnas) especializados.
Obs. 4: Transexuais são
indivíduos que apresentam uma identidade de gênero oposta à de seu
corpo físico. São indivíduos XY, com todas as características
físicas de homem, que se consideram mulheres e indivíduos XX, com
todas as características físicas de mulher que se consideram
homens. Já foram descritos como “homens presos em corpos de
mulheres” e “mulheres presas em corpos de homens”, embora esta
colocação não seja aceita por muitos membros da comunidade
transexual e também fora dela.
Obs. 5: Os assexuados:
Existem pessoas que não sentem desejo sexual. Vivem sem atividade
sexual e não têm atração sexual por nenhum gênero. Eles são
denominados assexuados e não devem ser confundidos com pessoas que
apresentam, por exemplo, baixa libido ou aversão ao sexo causada por
algum trauma.
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